O dia mal havia acabado e seu limite de estresse já estava ultrapassado.
Tudo ao seu redor lhe irritava, não suportava ver mais ninguém, nem escutá-los.
Em um súbito ataque de raiva partiu para a sala e ligou o som no volume máximo, com uma musica de destruir quarteirões inteiros com apenas o riff de guitarra inicial.
Ali na sala “bangueou”, socou o ar, correu de um lado para o outro dando com os ombros nas paredes e chutando as almofadas do sofá.
Estava em fúria, a única coisa que o dominava naquele momento era a raiva, raiva que fora despertada sem dar muito aviso, de coisas acumuladas ao longo da vida.
Correu para o quarto e foi direto ao guarda-roupa, jogou todas as roupas no chão, e com uma força descomunal começou a destruir todos os móveis.
Arrancou as portas do guarda-roupa, jogou-as pela janela, estraçalhando-a toda, fazendo voar madeira e vidro por todo o quarto.
Atirou o criado-mudo na cama que já estava sem o colchão, o mesmo, havia sido jogado no corredor antes mesmo de voarem as gavetas do criado-mudo no teto.
Passou do quarto para o banheiro e como um furacão, atirou pasta de dente em toda parede e o creme de barbear estava pelo teto e no Box. Arrancou a privada e estraçalhou-a na pia. A água jorrava por todo o cômodo e escorria pela casa.
A música na sala fazia a casa reverberar raivosamente, era brutal, destrutiva, pesada ao ponto de lhe deixar ainda mais fora de si.
A cozinha foi levada a baixo em poucos minutos. Geladeira, fogão, microondas e outros eletros-domésticos voavam e viravam metal contorcido ao se chocarem com paredes e até mesmo uns contra os outros. Os talheres, copos e pratos estavam por toda a parte, pratos e copos misturavam-se quebrados pelo chão. A pia da cozinha jorrava água até o teto inundando ainda mais a casa. Os armários desmantelados em ambos os lados do cômodo foram mastigados e cuspidos por um gigante.
Com a raiva ainda crescendo, foi direto ao sofá da sala, empunhando uma faca de carne, estraçalhou aquele móvel, espalhando espuma e tecido por todos os lados.
Arrancou o som, o toca-discos e o DVD da estante. Jogou tudo pela janela novamente espalhando pedaços de vidro, madeira e restos de eletro-eletrônicos por toda a sala.
Mas de repente se deu conta de que a musica havia cessado e de que tudo estava um caos.
Foi então que viu a TV ali, intacta. Um largo sorriso lhe surgiu a face e um sentimento de alívio o dominou.
Por todos os lados procurou o controle, encontrando-o depois de muito trabalho.
Ligou a TV e sentou-se naquele caos geral, acalmando-se como se sua mãe o tivesse nos braços o acariciando.