terça-feira, 11 de outubro de 2011

Entreviu

Ao termino de mais uma noite exaustiva, volta para casa na linha férrea que se torna vazia ao se aproximar da madrugada. Senta-se como de costume próximo a saída do vagão.
A sua extrema esquerda, do outro lado, costumeiramente, esta uma bela garota. Sempre a observa, e nos intervalos de luz e escuridão que se faz com o trem em movimentos, devido a iluminação a beira da linha, admira sua beleza.
Mesmo na escuridão deixada pelo espaço entre iluminações, sua silhueta é de visível perfeição. E quando a luz torna a voltar percebe que seu rosto transparece a dor de um coração magoado.
Há muito devia sofrer, pois sempre estava cabisbaixa. Quem sabe amor não correspondido, ignorado, sofrido, deixando-a de lado. Seus olhos negros de dor imploram por abrigo.
A linha férrea se estende e pela janela do vagão apenas as paredes frias e cinzentas do metrô os acompanham, e os intervalos de luz e escuridão ainda se fazem frequente.
A garota desenha um coração partido no vidro úmido da janela do vagão, logo em seguida seu celular toca e imediatamente ela atende.
Depois de algumas palavras e uns instantes em silêncio, uma lágrima escorre por seu rosto.
A conversa ao celular cessa e ela retira uma agenda de dentro da bolsa, faz alguns rabiscos e derrama mais algumas lágrimas.
Ela se levanta, seca o rosto, apaga o coração do vidro e segue em direção a saída.
Rotineiramente estarão ali naquele vagão, e como de costume continuará a observá-la aos intervalos de escuridão e luz que segue a linha.
Deseja ainda vê-la do outro lado do vagão com uma expressão mais alegre, postura firme e brilho nos olhos. E independente de tudo ficará feliz, por vê-la feliz.

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