terça-feira, 27 de setembro de 2011

Devaneio

Em que situação vivemos?
Estamos em cima do muro ou estamos dando a cara pra bater escolhendo um lado da situação?
Será que realmente todas as escolhas são pensadas?
Tem certeza de que todas as palavras ditas foram corretas, todos os pontos, acentos, vírgulas e exclamações?
E as interrogações?
Temos toda uma vida para cometer erros e nos arrepender, ser feliz e chorar, criar amizades e desfazê-las, encontrar e se perder... amar e não ser amado.
Será que a beira da morte, se vendo impossibilitado e sabendo que seus dias estão contados, temos um flashback?
Relembraremos todos os momentos marcantes e até aqueles que não demos muita importância?
Duvidas nos surgirão em momentos cruciais, e muitas mais ainda a beira da morte.
Muitas pessoas se vão, a tristeza nos toma arrebatadora.
Você os tinha e deixou-os de lado, somente se preocupou no final da sua estrada quando seu caminho já foi todo marcado por acontecimentos que talvez nunca serão esquecidos.
Talvez não tenha dado muita importância, deixou passar despercebido um sentimento que só se deu conta quando já não tem mais como voltar atrás e tentar mudar tudo.
Será que damos o devido valor as pessoas do nosso circulo social?
Será que brigamos, realmente, por nossos direitos ou baixamos a cabeça a mais simples exclamação que ouvimos?
Estamos certos ou errados?
Escutamos os outros ou seguimos nossa própria conduta?
Uma coisa é certa, quando o ultimo tijolo do tumulo for colocado seremos submersos em uma densa nuvem negra, de sentimentos à mil.
Chorar é o que resta.
Lembrar é o que resta.
Voltar atrás já não é mais uma das opções!

domingo, 18 de setembro de 2011

A Caminho

Noite de trevas deitado no seu quarto.
Feliz por estar só e poder pensar em tudo que se passou.
O ambiente era fúnebre, faltava-lhe apenas as velas e o caixão.
O som de uma guitarra, como que chorando um acorde vem ao longe, e se aproxima.
O passado lhe atormenta mais que tudo, todos os amigos deixados de lado, todos os seus amores, sua família.
Se vê caminhando entre túmulos abertos, como se procurasse alguém que deixou há muito tempo atrás.
O medo é sua companheira nessa caminhada, a cada túmulo uma mão se estende pedindo por ajuda, socorro ou apenas companhia.
Seu coração acelera e suas pernas começam a correr.
A velocidade aumenta conforme seu coração acelera.
Com a visão totalmente embaçada tropeça em algo e cai em uma cova rasa.
Tenta se levantar, mas algo o prende ao fundo.
Olhando pra cima, vê uma menina de capuz vermelho.
A única cor em todo aquele lugar cinza.
Ela estende a mão como ato de ajuda, mas o buraco fica cada vez mais fundo, puxando-o pra baixo, não querendo deixá-lo sair.
Em um espasmo de incomum força, se livra do fundo e agarra a mão da menina.
Ao sair do buraco percebe que uma luz intensa brilha ao fim de um caminho que lhe parece longo.
Corre, segurando pela mão a menina de capuz vermelho.
Não sabe por que esta com ela, mas corre como quem corre da morte.
O fim esta próximo e a luz é ainda mais intensa.
Sem olhar pra trás deixa aquele lugar imundo.
A menina some, e ele continua deitado na cama.
Um corpo ali no quarto, na mesma escuridão.
Corpo sem vida, pálido.
Triste, sozinho e deixado de lado.
Se foi... e nunca mais voltará.

domingo, 11 de setembro de 2011

Medo de Não Tê-la

O trem saiu não faz muito tempo da estação e ele não conseguiu pega-lo a tempo.
Sentou-se no banco e condenou-se.
Era um misto de raiva, por se atrasar,e tristeza, por saber que sua garota o esperava.
Pensou consigo mesmo que ela não o perdoaria.
Pensou em ir correndo, de bicicleta, mas sabia que não adiantaria.
As piores coisas vieram à sua cabeça.
E o medo de perdê-la foi o que mais lhe atormentou.
Foi pra casa, cabeça baixa e pensamento longe.
Chegou, bebeu whisky, colocou na vitrola seu melhor disco...
Deitou... Sentiu o frio entrar pela janela aberta, o vento era intenso, levantou-se para fechá-la.
Sentiu-se embriagado, cambaleou para trás, voltou e escorou-se na janela.
Havia escurecido e a noite estava estrelada e incomum.
Escutou batidas na porta, a janela ainda aberta trazia o perfume de sua amada.
Imaginou que poderia ser ela na porta.
Correu e abriu a porta.
O vento era a visita. Rajadas de vento socando a porta.
Sua tristeza o mergulhou em uma densa nuvem negra.
Caiu de joelhos e chorou intensamente.
A embriaguês ainda o dominava e o perfume trazido pelo vento o afundava ainda mais naquela espessa nuvem negra.
Seu velho mosquetão no baú foi o que lhe veio em mente.
Aquela velha arma usada há muitos anos atrás pelo seu avô.
Mas uma voz lhe tira tal pensamento.
Uma linda e doce voz lhe perguntando o que estava acontecendo.
Assustado, percebe que sua linda garota estava ao seu lado, com o mesmo perfume que o envolvera.
Percebeu então que não passava de um sonho.
Sua linda garota estava deitada ao seu lado.
Abraçou-a e beijou-a intensamente sentindo seu perfume.
Declarando-se pediu pra ela nunca o deixar, dizendo que nunca a deixaria também.