segunda-feira, 21 de novembro de 2011

Refúgio

A noite calma trazia o alívio de dias difíceis.
Mas a calmaria foi quebrada pelo alerta.
Um uivo intermitente, como de um lobo chamando sua alcatéia.
E na noite que passava a ser confusão, o único lugar para onde correr era o covil escuro e úmido.
Lá fora, depois de muito uivar, um silêncio mortal toma conta de toda a superfície, e no covil o murmúrio das pessoas com medo, e o choro baixo das crianças, toma conta da escuridão.
Só resta ali, em meio a tanto desespero, agarrar-se ao seu bem mais precioso. Tudo é valido para trazer conforto.
O medo se aproxima, conforme a matilha sedenta se aproxima.
O covil é um refugio, alguns acham um lugar seguro, outros uma maneira de evitar o inevitável.
Ali de baixo, os passos rápidos da superfície são o som do terror, a matilha corre sem destino, apenas correm em direção ao horizonte.
Horas ali se transformam em séculos de angustia e medo, e após esses longos séculos, um silêncio ainda mais mortal novamente toma conta.
Escuta-se ao longe novos uivos, tudo acima de suas cabeças parece normal. O uivo intermitente agora indica segurança.
O covil se esvai de vida lentamente, e o que se vê fora dele é o caos.
O mesmo medo e desespero que tomava todos sob a terra, ainda esta nos rostos que vagam sobre ela.
A matilha passou, levaram tudo, a esperança, a força, a vida. O lugar esta desolado, não há nada em pé, exceto por algumas paredes, muros e cercados. As habitações ainda de pé estão ardendo em chamas.
Daquele lugar, nada mais tem valor, tudo que poderia ser levado esta sob escombros ou em chamas.
Os que saíram com vida do covil agora serão andarilhos, sem nada para comer, nem para se apegar.
Caminharão em busca de abrigo, de esperança, mas nenhum terá conhecimento de que seu melhor abrigo no final da caminhada será um tanto quanto familiar.

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